Li o que li e li o que não li; agora esqueço-me de ler o que não sei ler e o que não quero ler. Por puro prazer. Criei uma colmeia de palavras e provei-lhe todo o género de sentidos; depois, abandonei-a num deserto de que não me lembro o nome. Um corvo todo vestido de negro pousou no parapeito da janela e com hábil mestria abriu-me a janela dos pensamentos; as palavras ao sentirem-se livres, fugiram de mim e eu nada fiz para recuperá-las. Hoje, ao cruzar a rua dos sentidos, não me iludo com o semáforo das suas paisagens. Sei que o vento reconhecê-las-á, mal o Outono as amadureça, ao anoitecê-las. Quando for o que não fui, a colmeia das palavras descobrirá, finalmente, a espécie de deserto que sou.
Biblioteca de Oeiras, 28/12/2009 - 11H38 - Jorge Brasil Mesquita
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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estranho mas algumas palvras que antes me despetavam sentimentos e pensamentos, hoje não me são como antes pois já não me fazem sentido, e triste pensar que eu sou apenas humano!
ResponderEliminarPalavras com sabor a mel, Jorge.
ResponderEliminarDeisei-lhe um desafio no meu blogue, se quiser aceitar...
Um beijo